sábado, 7 de fevereiro de 2009

Eu posso...

Tenho sede de possuir. Quero tudo. Possuir tudo. Termino querendo possuir o alheio. O que não é meu, nunca foi e que talvez nunca será. Mas quero. Quero inteiro , completo comigo, na minha. Me toma um incômodo profundo de dona traída. E a dona real se torna vilã de uma estória que é dela, onde é a mocinha, a bela adormecida, a Rapunzel.
Queria o poder sobre você e sobre essa sua pose de cavalo arisco, dominador do espaço. Queria te ver baixando a cabeça envergonhado, embora a vergonha estivesse presente nos seus olhos, nos gestos, no odor que exala de sua pele. Eu era a loba que você queria Chapeuzinho. Eu era a madrasta que você queria colocar o sapatinho de cristal. Estava escrito. Ali, pra todo mundo ver, na sua cara.
A minha sede de posse já não pode mais. Já não pode mais lutar contra esse amor próprio que me invade, essa luz que me brilha a testa, essa seta apontado pro meu umbigo.
Agora, hoje e pra sempre sou Eu, meio louca, sentimental e intempestiva. Guardadora de mágoas, campeã de apostas perdedoras. Sou Eu. Gritando baixinho a minha fome original, errando onde todo mundo sempre acaba errando. Esta sou Eu. Dona de todas as certezas infundadas. Rainha no pedestal de madeira. Depositária do que me pertence e do que é seu também.
Eu posso. I Can. Yo puedo.

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